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Pesquisa Panorama 2013 - TV Cultura

ALIANÇA INTERNACIONAL DE JORNALISTAS PANORAMA 2013

Práticas Éticas de Comunicação

TV Cultura

Entrevista com Willian Corrêa - Diretor de Jornalismo

Tipo de Mídia : Televisão

Periodicidade: Diária

Alcance geográfico: Estado de São Paulo. Alguns programas são veiculados em parceria com outras emissoras públicas estaduais.

Website: www.tvcultura.com.br

Idioma: Português

Endereço: Rua Cenno Sbrighi, 378 - Caixa Postal 11.544
CEP 05036-900 - São Paulo/SP

Data de fundação: 26/09/1967

Proprietário: Fundação Padre Anchieta

Presidente Executivo da Fundação Padre Anchieta: Marcos Mendonça

Vice-presidente de Conteúdo: Fernando Vieira de Melo

Diretor de Jornalismo: Willian Corrêa

Status jurídico: Fundação governamental que atua como entidade de direito privado, gozando de autonomia intelectual, política e administrativa; tem supervisão de um Conselho Curador, formado por 47 membros; seus balanços são auditados pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.
Veículos da FPA: TV Cultura, que opera com sinal aberto; TV Ra-Tim-Bum, emissora de TV a cabo por assinatura; rádios Cultura AM e Cultura FM. Dispõe do portal CMais.com.br

Audiência: Em 2011, média de 0,9% segundo o Ibope; em maio de 2012, a média registrada alcançou 1,3%, o que elevou a emissora ao quinto lugar entre as emissoras abertas no estado de São Paulo, à frente de RedeTV e Gazeta.

Total de funcionários: 1.100

Jornalistas: 70

Programas jornalísticos: 8 (Jornal da Cultura, Pronto Atendimento – ambos de segunda a sábado; Guia do Trânsito – de segunda a sexta; Roda Viva, Cartão Verde, Matéria de Capa, Repórter Eco, Legião Estrangeira – todos os cinco semanais).

Unidades de produção: seis equipes externas de jornalismo

História: A Fundação Padre Anchieta completa, em 2013, 46 anos, ao longo dos quais firmou sua imagem de televisão pública fortemente voltada para a programação infantil. Cerca de 70% da grade de programação são ocupados por conteúdos dirigidos às crianças, entre desenhos, programas ao vivo e animações. Em jornalismo, a TV Cultura construiu sólida reputação, com programas que juntam prestígio e credibilidade. Exemplos: Roda Viva, o mais antigo programa de entrevistas do telejornalismo brasileiro (desde 1986); e Repórter Eco, lançado por ocasião do evento Rio Eco 92, cujas metas serão avaliadas agora, duas décadas depois.

Respeito a textos normativos

1.1. Possui código interno, manual de redação?

Não possuem. Tentam se guiar pelo bom senso profissional, que, no caso do jornalismo, consiste em buscar o máximo de isenção possível no tratamento dos assuntos, ouvir as partes envolvidas e, em caso de matérias mais complexas, submeter a análise à chefia. Durante a cobertura de campanhas eleitorais, o critério é dedicar tempo igual aos candidatos principais, que figuravam em pesquisas.

1.2.Quais os procedimentos de checagem/verificação do seu cumprimento?

Não há equipe específica. A chefia é responsável pela análise. Buscam a maior segurança possível no tratamento de números e dados, que passam pelas equipes de pauta e produção.

Organização deontológica interna

2.1. Possui um conselho de redatores/jornalistas ?

Não há.

2.2. Retorno crítico sobre a produção jornalística?

Não há. O que orienta de alguma forma a redação são manifestações do Conselho Curador, órgão que supervisiona a Fundação Padre Anchieta. O Conselho é formado por 47 pessoas, que se reúnem uma vez por mês. Nesta reunião, alguns opinam sobre a cobertura jornalística da emissora. O Jornal da Cultura tem recebido manifestações positivas do Conselho, assim como o programa Matéria de Capa, que trata de assuntos internacionais e vai ao ar às 19h aos domingos.

2.3. Quais são os sistemas de pesquisa e correção de erros?

Toda a informação está sujeita a uma investigação completa, de acordo com as regras que ouve todos os lados e mantem uma postura ética. Todas as fontes são sistematicamente verificadas.
No entanto, se ocorrer um erro, a correção ocorre logo que possível, ao vivo, durante a notícia ou no programa seguinte.
Todas as notícias podem receber comentários do público através do twitter ou e-mail.

Laços entre publicidade e conteúdo editorial

3.1. Qual a relação entre os valores e princípios inspiradores do veículo e os anúncios publicados?

A redação não tem qualquer vínculo com a área comercial, chamada de Captação e Marketing. O comercial não interfere nem tem qualquer poder de fazer pedidos ou solicitações ao jornalismo.

3.2. Quem arbitra em caso de conflito? De quem é a decisão final sobre a publicidade?

Desconhece que já tenha havido este tipo de conflito. Se ocorresse, em princípio a arbitragem seria feita pelo vice-presidente de conteúdo - Fernando Vieira de Melo - e pelo presidente administrativo - João Sayad. Lembra que o potencial de conflito é reduzido já que dois terços da grade (das 8h30 às 19h, considerado “horário infantil”) não podem veicular publicidade. Neste período não passam comerciais (somente campanhas institucionais). O estatuto da Fundação Padre Anchieta também proíbe anúncios de bebidas e cigarros.

3.3. Quais os critérios para apoios e parcerias editoriais?

Os mesmos que para aceitar ou não publicidade. Bebida cigarro, por exemplo, devem estar fora.

3.4. Patrocina eventos externos (sociais, culturais) de entidades? Qual o critério para patrociná-los?

Não.

Ética profissional

4.1. Qual a regra para convites para viagens?

São raros os convites. A chefia de jornalismo autoriza a viagem, sem estabelecer compromisso de retorno de divulgação para quem convidou a reportagem.

4.2. Como são resolvidos os conflitos de interesse com o grupo proprietário do veículo?

A TV Cultura pertence a uma fundação pública de direito privado, então a situação é diversa. De qualquer forma, desconhece que alguém do governo estadual – principal financiador da Fundação Padre Anchieta – e da administração da Fundação tenham feito movimentos para induzir a veiculação de conteúdos jornalísticos. Histórias sobre a ingerência editorial por parte do governo remontam à época do regime militar no país.

4.3. Como é feita a gestão sobre pressões políticas ou econômicas?

Em relação a pressões política, foi respondido no item anterior. Em relação a eventuais pressões econômicas, a receita arrecadada com comerciais, se comparada com as demais emissoras abertas, é tão pequena que este risco também é reduzido. Nunca recebeu qualquer mensagem subliminar de anunciantes. Pelo contrário, possuem um grupo de analistas que tem autonomia para dizer o que querem, com absoluta liberdade de opinião. Isso atesta a independência editorial, que orgulha a redação.

4.4. Qual o tratamento para assuntos do cotidiano?

Nossos cuidados são aqueles de uma emissora educativa. Raramente tratamos de assuntos policiais, mas quando somos obrigados a veicular cenas mais fortes, fazem sem sensacionalismo. No caso da proteção de menores, seguem a legislação, o que não impede a emissora de falar de problemas sérios no país como o abuso e exploração sexual de crianças. Em reportagens sobre corrupção, temos a cautela de ouvir todas as partes e não prejulgar.

4.5. Quais os critérios para publicação de fotos?

Não se aplica.

4.6. Quais as regras para publicar fotos ou imagens feitas por cidadãos comuns? (amadores)

Chegamos a cogitar a criação de um quadro do repórter cidadão, mas não tivemos estrutura para isso. O programa Guia do Transito, veiculado diariamente às 7h, pede a contribuição dos telespectadores. Às vezes recebe imagens gravadas nas ruas por celulares. Também veiculam imagens de cinegrafistas amadores em casos de notícias emergenciais, como enchentes, acidentes, incêndios, etc. Quando veiculam este tipo de imagem, publicam o crédito do cinegrafista.

4.7. Qual o estatuto dos blogs de jornalistas fixos ou freelancers?

O portal da TV Cultura tem apenas sites dos programas; não há blogs de jornalistas.

4.8. Em que situações é permitido que o jornalista não se identifique em busca de informação? Considera-se correto que, neste caso, as informações colhidas devam ser publicadas impreterivelmente?

Não enfrentou essa situação até hoje. Teria que haver uma razão muito forte, uma investigação muito séria para justificar uma manobra deste tipo, já que, posteriormente, a redação pode ficar desguarnecida sobre a validade de usar ou não esta imagem. Consideram uma situação muito delicada.

Relacionamento com os leitores

5.1. Há a figura do ombudsman? Qual sua relação com o público?

Durante um período muito curto a emissora contou com um ombudsman, mas a relação com a redação foi conflituosa. Acredita que jornalistas de corporações públicas são resistentes à crítica. Atualmente existe uma área de atendimento ao telespectador (para receber reclamações ou elogios), que funciona via telefone e email. Diariamente, este departamento encaminha dezenas de mensagens aos chefes dos programas. Críticas são sempre encaminhadas ao objeto da crítica (comentarista, repórter, apresentador, etc). Sugestões de pauta também são aproveitadas com frequência. Por semana, são cerca de 250 a 300 mensagens. A grande maioria da correspondência é para o Jornal da Cultura.

5.2. Há sessão de "carta dos leitores"?

Não.

5.3. Como é feita a gestão dos pedidos de direito de resposta?

Chefia da redação que avalia os pedidos, mas procedem de maneira informal. Não conhece nenhum caso de processo na Justiça. Quando recebem uma reclamação e se constata o erro, corrige imediatamente ou no programa seguinte.

5.4. A redação é aberta a visitas? Organiza conferências?

Recebem estudantes, mediante solicitação, através de um serviço que funciona dentro da Fundação Padre Anchieta. A visita é aberta a todos os departamentos (não apenas à redação).

5.5. Há encontros organizados entre leitores e a redação?

Estão pensando em fazer, mas ainda não conseguiram estruturar. Afirmam que tem todo o interesse em conhecer a média do espectador da TV Cultura. Os boletins do IBOPE, acompanhados diariamente, apontam tendência homogênea de perfil do telespectador na classe C, que optou pela emissora por conta da programação infantil. As classes A e B já migraram para a TV por assinatura.

5.6. As informações de contato de jornalistas são públicas? Estão no jornal ou no site?

Todos os programas, quando no ar, divulgam seu endereço eletrônico, assim como os contatos nas redes sociais. Essas informações também são disponibilizadas no site da TV Cultura. No entanto, o contato direto dos jornalistas não está disponível.

5.7. Como é feita a administração dos blogs de jornalistas e fóruns na internet?

Não possuem.

Meio ambiente e ecologia

6.1. Quais os cuidados da gráfica/processo de impressão com a questão ambiental?

Não há.

6.2. Infraestrutura e logística adotam práticas de economia de energia/ uso de energia renovável?

Não.

6.3. A escolha dos fornecedores considera critérios sustentáveis?

Não.

6.4. Há uma gestão sustentável dos equipamentos?

Não.

Apoio ao desenvolvimento

7.1. Desenvolve iniciativas de apoio à educação para a mídia?

Não.

7.2. Apoiam ou promove boas práticas junto a outras mídias em países em desenvolvimento?

Não.

Práticas sociais para além das obrigações legais

8.1. Incentiva a formação continuada dos profissionais?

De forma deficiente. Há mecanismos de oferta de bolsas de estudo para os funcionários, mas ainda é pouco expressivo diante do total de jornalistas.

8.2. Há transparência no balanço financeiro? E sobre a política de remuneração da equipe?

Não, mas todos os números e a economia interna de tudo o que se gasta, arrecada e paga dentro da Fundação Padre Anchieta é examinado pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. Além disso, todo prestador de serviço da TV Cultura precisa ser registrado no CAUFESP (Cadastro Unificado de Fornecedores do Estado de São Paulo), que é totalmente fiscalizável. Há também um comitê de compras para tudo que custe acima de R$ 1.500. Na atual gestão de João Sayad, houve um avanço em relação à transparência na política de contratação, com o estabelecimento de processos seletivos para qualquer vaga. Adotado em janeiro de 2011, pode ser considerado um degrau abaixo do concurso público. Um edital é publicado no portal da Fundação e em um jornal de grande circulação, estabelecendo os critérios para a vaga. Após uma triagem de currículos, há um processo de testes, com banca examinadora, que entrevista os melhores classificados. Trata-se de um processo amplo e democrático, que tem dado bons resultados para a qualidade do trabalho.

8.3. Financiam centros de formação em jornalismo?

Não.

Responsabilidade social empresarial

9.1. Quais as considerações do veículo sobre responsabilidade social empresarial?

O tema está presente nas preocupações da emissora, mas não de maneira sistemática. Às vezes desenvolvem ações neste sentido. No jornalismo, cobrem o tema quando há pauta disponível.


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Publicado em 7 de Agosto de 2014
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